Como a transformação digital impacta a receita de hospitais?

Como a transformação digital impacta a receita de hospitais?

A transformação digital dos hospitais não é mais uma escolha futura. Ela é uma necessidade urgente para qualquer instituição de saúde que busca sustentabilidade financeira, eficiência operacional e, acima de tudo, qualidade assistencial. 

Essa é a mensagem central do webinar “Como a transformação digital vem moldando a receita dos hospitais?”, promovido pela Botdesigner, com a presença de Felipe Cabral, CMIO do Hospital Moinhos de Vento.

Durante o webinar, Felipe Cabral explicou como a transformação digital permitiu que o Hospital Moinhos de Vento deixasse de ser apenas uma instituição assistencial reativa e passasse a atuar de forma proativa na vida dos pacientes e indivíduos saudáveis. 

Isso inclui não só o uso de tecnologias como a telemedicina e os aplicativos de jornada digital, mas também uma mudança profunda no modelo de relação com os dados, processos internos e visão estratégica.

“A jornada passou a não ser mais só do paciente, mas do indivíduo. Atuamos antes mesmo de ele adoecer.”

Essa nova abordagem tem impactos diretos na receita hospitalar. Com processos mais eficientes, é possível reduzir o tempo médio de internação, antecipar diagnósticos e otimizar o uso de recursos. 

A digitalização permite que o hospital opere de forma preditiva, o que reduz desperdícios, aumenta a rotatividade de leitos e evita perdas financeiras causadas por glosas ou retrabalho administrativo.

E no caso do Hospital Moinhos de Vento, a digitalização começou com um projeto pioneiro na telemedicina.

📲 Assista agora: Webinar sobre Transformação Digital nos Hospitais

Projeto pioneiro em telemedicina

Felipe Cabral compartilhou um dos cases mais inovadores do Hospital Moinhos de Vento: o projeto de teleoftalmologia iniciado em 2016. À época, a telemedicina ainda não era regulamentada no Brasil e o atendimento remoto entre médico e paciente era proibido. 

Mesmo assim, a equipe implantou oito consultórios de oftalmologia em regiões remotas do Rio Grande do Sul, operando como um projeto de pesquisa em parceria com o Telessaúde do RS e o Ministério da Saúde.

Cada consultório contava com técnicos e enfermeiros responsáveis pela triagem e coleta de dados visuais, enquanto os médicos especialistas atendiam remotamente a partir da sede. 

O projeto foi pioneiro não só pela ousadia tecnológica, mas também pelo seu impacto social. Populações carentes receberam atendimento especializado e, quando diagnosticadas com alterações de refração, receberam óculos gratuitamente. Ao todo, mais de mil óculos foram distribuídos durante a vigência da iniciativa.

“Fizemos um estudo de microcusteio e o projeto se mostrou 30 a 40% mais barato do que o modelo tradicional, mesmo considerando a tabela do SUS (SIGTAP).”

Esse piloto demonstrou que a telemedicina podia ser economicamente viável e eficaz. Mais do que uma solução de acesso, a digitalização foi ferramenta de justiça social, sustentabilidade e inovação.

E mais importante: neste caso, a tecnologia ajudou a salvar vidas. De acordo com Felipe, dados do projeto apontaram redução de 40% a 50% na taxa de mortalidade de algumas UTI’s. Assim, fica claro que o impacto não é apenas financeiro e operacional.

Impacto positivo e novas oportunidades

 O impacto positivo abriu portas para outros projetos, como o de telemedicina em UTIs pediátricas, que conectava o Hospital Moinhos a unidades em locais como Palmas e Sobral. 

Por meio de robôs móveis e discussões clínicas diárias, esse modelo reduziu a mortalidade em até 50% em algumas UTIs, provando que a tecnologia salva vidas quando bem aplicada.

Além da eficiência clínica, os projetos enfrentaram desafios institucionais típicos da inovação. Convencer diretores e gestores de que valia a pena investir em algo ainda não validado exigiu estratégia, narrativa e sensibilidade.

“A gente estava num contexto filantrópico, com apoio do Ministério da Saúde, o que ajudou no convencimento. Mas o que realmente nos deu força foi o impacto prático que conseguimos demonstrar.”

A partir desses projetos, o Hospital Moinhos consolidou sua visão estratégica em torno da transformação digital, integrando tecnologia e propósito assistencial. Essa experiência prova que, mesmo em contextos adversos, é possível inovar com responsabilidade, gerar economia e melhorar vidas com o apoio da tecnologia.

Governança de dados e interoperabilidade

Para que a transformação digital gere resultados concretos, os dados precisam estar organizados, seguros e acessíveis. Felipe ressalta que dados soltos em sistemas desconectados são quase inúteis.

“6.5 é alto ou baixo? Depende. É o quê? Potássio? Em que unidade? Em paciente renal crônico? Eu só consigo ter conhecimento se eu tiver uma informação adequada.”

No Hospital Moinhos de Vento, a governança de dados e a interoperabilidade ganharam protagonismo nos últimos anos. A instituição possui um ERP robusto (MV), mas conta com mais de 60 outros sistemas que o circundam. Durante muito tempo, esses sistemas não se conversavam — e isso limitava a capacidade analítica do hospital.

“Eu tenho dados adequados em todos esses 63 sistemas, mas eles não se conversam. E aí começo a trabalhar em interoperabilidade.”

A primeira etapa foi garantir que os dados estivessem no lugar certo, com estrutura e nomenclaturas adequadas. Isso exigiu um trabalho profundo de revisão da base de dados e definição clara de quem era responsável por cada informação. 

Essa responsabilização — ou accountability — é parte essencial da governança. Cada área passou a ser gestora dos dados que produz, criando um ambiente de corresponsabilidade.

“Se você toma uma decisão errada lá atrás, como fizemos com os atestados médicos, e os dados não são bem estruturados, depois você não consegue nem medir o que está acontecendo.”

Com a base organizada, foi possível investir em barramentos de interoperabilidade — canais de comunicação que consolidam as informações dos diversos sistemas. 

Isso permite, por exemplo, visualizações unificadas em painéis de BI, integração entre áreas clínicas e administrativas, e maior confiabilidade para auditorias e planejamento. O resultado é mais agilidade, segurança e capacidade de decisão baseada em evidências.

Dados, eficiência administrativa e modelos de remuneração

A digitalização impacta diretamente o ciclo da receita hospitalar. Felipe detalhou como, com dados corretos e processos automatizados, é possível reduzir glosas, antecipar o faturamento de contas e negociar com operadoras de forma mais justa.

“Com digitalização, a gente passa a saber quanto custa cada procedimento. Isso permite aplicar modelos de remuneração baseados em valor.”

Essa visão financeira orientada por dados também possibilita reduzir o CAC (custo de aquisição de cliente), melhorar o NPS (Net Promoter Score) e aumentar a fidelização. 

Uma gestão mais eficiente dos fluxos administrativos diminui erros, aumenta a produtividade e libera o time para atuar em tarefas mais estratégicas. O resultado final é uma instituição mais ágil, conectada e rentável.

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Cultura organizacional e resistências à mudança

Um dos maiores entraves para o avanço da transformação digital nos hospitais não está na tecnologia em si, mas na cultura organizacional. Como destacou Felipe Cabral:

“A maior dificuldade não é aprovar investimento. É tirar o processo da cabeça das pessoas, estruturar e digitalizar.”

Muitas vezes, os fluxos de trabalho não estão documentados. Eles sobrevivem por tradição oral, memórias individuais e anotações avulsas — post-its colados nos monitores, cadernos de plantão e experiências isoladas. Isso significa que, ao tentar digitalizar, as equipes descobrem que não há um processo claro a ser automatizado. É preciso, antes de tudo, desenhá-lo.

Felipe defende que o primeiro passo seja sentar com a equipe, escutar, desenhar juntos o processo real e validá-lo. Em seguida, é necessário testá-lo no sistema digital, acompanhar sua execução por pelo menos duas semanas e fazer os ajustes finos. Só então a digitalização faz sentido. Esse esforço requer tempo, dedicação e presença.

“Eu fui ver um fluxograma de um processo super complexo e só tinha uma bolinha, uma caixinha e um tracinho. Não pode. Você precisa ficar do lado do profissional, entender, redesenhar e apoiar.”

Ele também ressalta a importância do suporte pós-implantação. Sem um acompanhamento ativo, a tendência é o retrocesso: as pessoas voltam para o Excel, para o papel, para o que é conhecido. 

“Se você não acompanhar, em seis meses o projeto morre. E aí alguém vai perguntar: ‘por que não estão usando?’, e a resposta vai ser: ‘porque é difícil demais, prefiro meu Excel’.”

No fundo, a digitalização exige mais do que tecnologia: exige empatia, escuta ativa e gestão de mudança. É preciso entender que transformar processos é transformar pessoas — e isso demanda tempo, estratégia e parceria verdadeira.

Conexão estratégica entre saúde e TI

Um dos grandes entraves para o sucesso da transformação digital na saúde está na desconexão entre os setores assistenciais e a área de tecnologia da informação. 

Muitas vezes, os sistemas são pensados e implantados a partir da lógica da TI, mas sem considerar como será o uso real por médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde. O resultado? Ferramentas que até funcionam tecnicamente, mas não se integram à rotina clínica.

Felipe Cabral traz exemplos concretos dessa lacuna. Em um dos projetos, a equipe de tecnologia propôs que, ao prever o número de dias de internação de um paciente, o médico justificasse sempre que esse tempo fosse excedido. 

A ideia parecia razoável até que foi testada na prática. A justificativa mais fácil era marcar “instável”, que aparecia como primeira opção. O resultado: a maioria dos médicos escolhia esse item de forma automática, sem avaliar outras causas possíveis. Felipe foi direto:

“O médico tem 15, 20 pacientes para ver. Ele vai clicar no primeiro item da lista para ganhar tempo. Se você quer qualidade, mude a ordem das opções. Deixe a justificativa correta mais acessível.”

Esse tipo de refinamento só acontece quando há convivência entre as áreas. Felipe e seu colega de TI, Thiago, exercem um modelo de colaboração constante. Eles compartilham decisões, ajustam fluxos juntos e traduzem as necessidades de cada lado. Esse trabalho integrado tem sido decisivo para o sucesso dos projetos do Hospital Moinhos de Vento.

“Não adianta digitalizar um processo burro. Você vai continuar com um processo burro digitalizado. Digitalizar é repensar, redesenhar, melhorar.”

A integração entre assistência e TI não é apenas técnica. Ela é estratégica. Quando essas áreas operam de forma alinhada, os sistemas passam a refletir a realidade da prática clínica. 

A adesão cresce, os erros caem e os dados gerados se tornam mais confiáveis. Para que a transformação digital cumpra sua promessa de inovação e eficiência, essa conexão precisa ser forte, contínua e baseada no respeito mútuo entre os saberes clínico e tecnológico.

IA, experiência do paciente e o futuro do cuidado

Com a casa arrumada, o Hospital Moinhos de Vento agora investe fortemente em inteligência artificial. Os objetivos incluem triagem automática, transcrição de consultas com LLMs e automação do relacionamento com pacientes.

“A experiência do paciente é um dos nossos pilares. Medimos NPS em todas as áreas e usamos os dados para evoluir.”

Isso inclui contato proativo com pacientes após a alta, orientação sobre exames, uso de chatbots com linguagem natural e letramento digital. A expectativa é que, em breve, não usar IA possa ser considerado má prática médica.

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Digitalizar para sobreviver

Apesar de todas as possibilidades oferecidas pela tecnologia, a grande maioria dos hospitais brasileiros ainda está em um estágio muito inicial de maturidade digital. Segundo Felipe Cabral, menos de 10% das 7.500 instituições hospitalares do país estão de fato digitalizadas. A maioria ainda opera com processos manuais, dados em papel e estruturas frágeis.

“Tem instituição que não sabe nem quantas ligações recebe por dia. E isso é real, porque está tudo no papel.”

Antes de falar em inteligência artificial, automação e interoperabilidade, é preciso dar um primeiro passo fundamental: digitalizar. Esse movimento inicial é o que permite que os dados circulem, que os processos sejam otimizados e que as decisões sejam mais assertivas. É também o que torna viável um modelo de gestão baseado em sustentabilidade financeira.

“A gente só consegue oferecer qualidade assistencial se tiver dinheiro. E sem processos eficientes, o dinheiro vai embora.”

Felipe lembra que existe uma responsabilidade social compartilhada no apoio às instituições que estão no início dessa jornada. Empresas de tecnologia, líderes setoriais e entidades como a Abis — da qual ele é diretor de relações institucionais — têm um papel essencial em apoiar essas instituições, capacitando-as e guiando seus primeiros passos na transformação digital.

Um estudo recente da Harvard Business Review mostrou por que gigantes da tecnologia ainda não conseguiram “disruptar” o setor da saúde como fizeram com outros segmentos. O motivo principal é a natureza ambígua do setor: ao mesmo tempo em que precisa operar como um negócio, também carrega uma missão social profunda.

“Se alguém infartar na porta do hospital, ele vai entrar. Com ou sem plano. Essa é a nossa realidade.”

Por isso, digitalizar não é só uma decisão administrativa. É uma decisão estratégica e ética. Quando uma instituição deixa de ser ineficiente, ela melhora o atendimento, reduz desperdícios, economiza recursos e salva mais vidas. É uma cadeia de valor que começa com o básico — e pode terminar com excelência.

A digitalização sem suporte

Investir em tecnologia sem oferecer suporte é como construir uma ponte sem finalizar as extremidades. A estrutura pode até ser robusta, mas ninguém consegue atravessá-la. No contexto hospitalar, a falta de apoio durante a implantação de sistemas é uma das principais causas de fracasso na transformação digital. 

Sem suporte adequado, as equipes não conseguem incorporar a mudança à rotina — e, inevitavelmente, tudo volta ao estágio anterior.

O Hospital Moinhos de Vento é um exemplo claro de como o suporte faz diferença. Felipe Cabral compartilhou que, em muitos casos, a dificuldade não está em aprovar o investimento, mas em garantir que o processo digital seja realmente utilizado. 

Isso só acontece quando há acompanhamento próximo, escuta ativa e treinamento.

Na prática, digitalizar sem suporte é desperdiçar dinheiro, tempo e capital humano. O sistema pode ser moderno, mas se os colaboradores não souberem usá-lo ou não confiarem no processo, o investimento simplesmente não se sustenta.

Foi com base nessa realidade que a Botdesigner estruturou seu modelo de implantação. Durante os primeiros 90 dias, a empresa oferece um acompanhamento intensivo, lado a lado com a equipe da instituição. 

Esse suporte inclui sessões de treinamento, revisão de fluxos, ajustes de integração e suporte técnico ativo. O objetivo é garantir que a solução não só funcione tecnicamente, mas seja, de fato, adotada na prática.

Se você busca a transformação digital da sua instituição com segurança e eficiência, a Botdesigner oferece uma demonstração gratuita do sistema. Conheça na prática como a digitalização com suporte pode fazer a diferença na sua rotina. 

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